Após o lançamento mundial do jogo Pokémon GO foram registrados em todo o mundo acidentes envolvendo o novo game da Nintendo.
Esta atraente versão de Pokémon para o mundo dos games, traz a fantasia para o mundo real.
Os pequenos personagens podem aparecer de repente e em qualquer lugar, dentro da sua casa, na rua ao lado ou a quilômetros de distância.
E como o lema dos treinadores (jogadores) é “pegar todos”, muitas vezes acabam entrando em situações inusitadas o que inclui acidentes.
Os problemas podem aumentar quando o treinador é portador de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, também conhecido por TDAH, que é uma disfunção neurobiológica genética caracterizada por sintomas como falta de atenção, impulsividade e hiperatividade.
A equipe do Vila Nova Conceição SP conversou com usuários do jogo e profissionais de saúde para avaliar os riscos do novo game para jogadores com e sem TDAH.
O psiquiatra da Universidade Federal de São Paulo, Doutor Felipe Paraventi, afirma que o indivíduo com TDAH por ser mais impulsivo e desatento tenha chances maiores de acidentar-se.
Contudo, salienta que os acidentes podem acontecer com qualquer pessoa, inclusive as saudáveis.
Ele explica ainda, que ao realizar qualquer atividade prazerosa há uma tendência natural da atenção direcionar-se para a tarefa o que ocasiona uma menor percepção ambiental.
“É como se a mente da pessoa desse um “zoom” no jogo e não conseguisse mais enxergar o que está ao seu redor”, afirma.
Para a psicóloga especializada em TDAH, Cleide Heloisa Partel, o que torna o jogo perigoso é o nível de concentração atingido pelo jogador.
Enquanto a maior parte dos indivíduos consegue sair do foco para outras atividades o TDAH mantém a concentração ao máximo quando o assunto o estimula.
Este é o caso do jogo Pokémon GO que aparentemente não tem fim, está sempre desafiando o treinador a adquirir mais e mais personagens.
O desafio constante faz com que o portador da doença não se desconecte quando é necessário o que pode causar danos como o vício.
A psicóloga acrescenta que os jogos viciam muita gente, mas devido à impulsividade e a compulsão aumentadas, os portadores de TDAH são mais vulneráveis e viciáveis que a maior parte da população.
Para auxiliar pais de crianças e adolescentes com ou sem a patologia, Cleide afirma que o tempo do jogo deve ser controlado para que não haja prejuízos à vida das crianças.
Observar se as tarefas diárias estão sendo executadas é um bom termômetro para determinar quanto tempo deve ser dispensado ao jogo, mas considera que de modo geral, meia hora seja um tempo razoável para jogar.
Nossa equipe saiu às ruas para saber a opinião dos usuários do aplicativo a respeito da segurança do jogo.
Na Praça nossa Senhora Aparecida em Moema os treinadores foram unanimes ao afirmar que não há perigo em se jogar na rua, e que estão sempre atentos.
Já Murilo Uberkata Polizeli, médico residente da UNIFESP e morador da Vila baixou o aplicativo desde o lançamento.
Ele sente que a atenção fica diminuída enquanto joga, mas afirma que não comete imprudências como atravessar a rua jogando.
Informa ainda, que é desnecessário arriscar-se para pegar um Pokémon na rua, pois o mesmo fica disponível até cem metros após o jogador tê-lo avistado.
Apesar disto, confessa que já estacionou em local proibido para pegar um que apareceu em seu caminho. Polizeli justifica a ação baseando-se na grande competitividade que o jogo provoca.
Mesmo com os riscos relatados pelo uso do aplicativo, o psiquiatra Felipe Paraventi pondera, “É importante lembrar que o jogo não traz apenas riscos. Especialistas dizem que o app pode ter efeitos benéficos, como por exemplo, uma maior sociabilização e aumento da atividade física”.
Para saber mais sobre TDAH você pode acessar o site www.universodtah.com.br que inclusive oferece um teste psicológico avaliativo que ajuda a identificar o transtorno.
Por Alessandra Silva e Jader Ferraz
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