Startup colombiana criou há três anos um serviço de entrega para produtos de supermercado em até dez minutos. Considerada a mais veloz do mercado brasileiro, a opção se prepara para alcançar os restaurantes.
Consagrado como um aplicativo de entregas especializado em itens de mercado, a Rappi tem avançado no conceito ultrarrápido após identificar uma oportunidade na venda de itens com prazo de entrega de até dez minutos.
No ar há pouco mais de três anos, o botão “Turbo” no aplicativo da Rappi permite aos usuários receberem a compra com maior velocidade. Na época em que foi lançada, a novidade foi muito usada para abastecer churrascos e reuniões familiares, especialmente aos finais de semana.
A cerveja abriu portas para esse comportamento e era o item número um no início. Embora a bebida ainda se mantenha entre os mais vendidos na modalidade Turbo, as compras já envolvem todo tipo de produto vendido em supermercados.
À medida que foi se tornando conhecido e confiável, o Rappi Turbo se tornou uma opção para 80% dos cadastrados na plataforma. Agora, a startup colombiana quer desafiar a soberania do iFood no delivery de comida apostando nesse modelo que vem dando certo.
Segundo Lorena Vita, diretora de varejo da Rappi para farmácia e pet, a startup já está testando o serviço Turbo junto à cadeia de restaurantes – um deles é o McDonald’s, além de redes de comida chinesa e japonesa.
O plano é lançar oficialmente a entrega ultrarrápida de comida até o fim deste semestre. O maior desafio, segundo a executiva, é manter a qualidade do produto e ter eficiência dentro da loja. Em sua apresentação durante o Retail Conference 2024, promovido pela Associação Comercial e Industrial de Campinas (ACIC), Lorena disse que ao disputar o mercado brasileiro de entregas, o diferencial competitivo da Rappi é estar focada em devolver ao usuário o que eles têm de mais precioso: o tempo.
Criada em 2015, a Rappi nasceu na Colômbia como uma solução para conectar pequenos negócios, como as lojas de bairro, aos moradores de cada região. Hoje, a startup está em nove países, emprega mais de 4 mil colaboradores e acumula 20 milhões de usuários ativos na América Latina, além de 180 mil parceiros ativos e 350 mil entregadores.
O Brasil é o seu maior mercado, onde o serviço Turbo já responde por 35% da receita da Rappi. Com a chegada ao segmento de restaurantes, a ideia é que a cifra ultrapasse a metade do negócio.
A novidade veio bem no meio de uma pandemia, momento em que a operação dobrava dia após dia. Foi também quando a startup passou da posição de um serviço de conveniência para um serviço de necessidade básica, de entregar os itens do dia a dia para a população, principalmente as do grupo de risco, que não podiam sair de casa.
Para agilizar esse volume de vendas, a companhia adquiriu a startup de entregas Avocado em junho de 2020, o que permitiu o Turbo começar a funcionar em março do ano seguinte.
Conveniência, que é a palavra de ordem da startup, ganhou um novo significado pós-pandemia, tanto para os consumidores como para a Rappi. O padrão de espera que antes era de dias e semanas, evoluiu para horas e ganhou adeptos fiéis aos minutos. Hoje, outro verbo ganhou prioridade quando o assunto é nortear processos internos: “turbinizar”, ou como Lorena explica, acelerar a chegada dos serviços da startup ao usuário.
Com a promessa de entregar em um piscar de olhos, o lançamento do Rappi Turbo foi um divisor de águas. A entrega de conveniência em até dez minutos teve um efeito viciante nos consumidores, segundo a executiva.
A entrega de restaurantes, que leva em média 33 minutos, também pode ser acelerada. O mesmo vale para os itens de farmácia – uma redução que faz grande diferença na jornada do consumidor.
Nos itens de supermercado, o modelo é baseado em dark stores, que funcionam como mini centros de distribuição espalhados pelas 12 cidades em que o serviço está disponível. Hoje, são 62 lojas espalhadas pelo país, que têm entre 1 mil e 1,2 mil itens diferentes.
O sortimento varia completamente de acordo com cada região. Uma loja nos Jardins, bairro nobre de São Paulo, e uma loja em Osasco, acumulam produtos totalmente diferentes. No delivery de comida, porém, em vez de dark kitchens, a Rappi vai se apoiar nas cozinhas dos restaurantes parceiros.
Entre os benefícios desse modelo está o preço da propriedade – bem mais barato do que qualquer ponto físico. Por não estar necessariamente em um local com alta visibilidade, não precisar de fachada, caixas, estacionamentos, gôndolas ou iluminação intensa. A área como um todo é muito otimizada e os alugueis, mais baixos. Os custos com funcionários também são menores. São alguns selecionadores de estoque durante o dia e um pouco mais durante a noite, quando o volume de pedidos é mais intenso.
Esses espaços conseguem organizar e armazenar itens mais pedidos no dia a dia dos usuários e estão estrategicamente localizados para atender a um determinado raio de até dois quilômetros de distância. O uso de inteligência de dados permite conhecer os produtos que são mais consumidos por bairro e, a partir da tecnologia logística, a Rappi trabalha para que a entrega aconteça em até dez minutos.
A vantagem, segundo Lorena, é que por operar o serviço de supermercados em todo o país, fica mais fácil entender e saber o que as pessoas consomem em cada localidade. Tecnologias de dados e machine learning apuram melhor o consumo por região. Em São Paulo, por exemplo, o pão fresco é imbatível. Para atender a demanda, o que melhor funcionou foi uma parceria com a Galeria dos Pães.
Outra curiosidade é que dos nove países em que opera, a Rappi constatou que os brasileiros são os que têm mais pressa. Depois de testar algumas propostas: 10, 15 e até 20 minutos, ficou claro que o brasileiro queria mesmo receber em até 10 minutos.
Fonte: Diário do Comércio
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