No final da tarde desta quarta-feira, 07/11/24, o Ministério Público recomendou a PARALISAÇÃO IMEDIATA das obras do túnel da Sena Madureira.
“A partir de amanhã, sexta-feira, 08/11/24, o prefeito Ricardo Nunes precisa escolher se continuará essa obra anacrônica e ILEGAL, que com certeza será definitivamente encerrada após as investigações, ou banca a continuidade do assédio aos moradores da Souza Ramos, a destruição do nosso meio ambiente e do nosso futuro em plena luz do dia, no meio de uma crise climática, sabendo que ela logo logo será irregular e os responsáveis pelos delitos que estão sendo cometidos, punidos.” Explica Marco Martins, Arquiteto e Urbanista.
Na manhã de quarta-feira, 06/11/24, a construtora Queiroz Galvão, contratada pela Prefeitura de São Paulo, iniciou o corte das árvores do canteiro central da Rua Sena Madureira.
“Ontem, 06/11/24, nós conseguimos fazer um acordo com para suspender os cortes e possibilitar uma negociação com a prefeitura. Hoje de manhã, 07/11/24 parecia que estava valendo isso, mas a partir do meio dia algum sujeito ai, começou a cortar as árvores. A prefeitura não fala nada. O secretário responsável pela secretaria dos transportes não fala nada, não recebe ninguém. Só responde os questionamentos do advogado que é feito na justiça com medidas protelatórias.” Eduardo Jorge, Ex Deputado Federal. Ex Secretário de Saúde e de Meio Ambiente na cidade de São Paulo. Acompanha o movimento.
Mas nesta quinta, 5 árvores foram derrubadas em 20 minutos, sem nem ter sido feita a poda da copa. Procedimento importante, visto que é necessário ver se nas árvores existem ninhos e animais, e caso haja, deve haver o manejo desses animais para que sejam retirados em segurança. Pessoas que estavam no local afirmam que foram vistos ninhos de pássaros no chão. Os moradores também relataram que havia muitas abelhas em suas casas. Uma tragédia ambiental.
A destruição de áreas verdes e a remoção de 200 famílias acontece para construção de dois túneis que farão a ligação entre a Rua Sena Madureira, altura da rua Botucatu, e a Avenida Ricardo Jafet, desembocando na rua Embuaçu. Os dois túneis que, juntos, somam um 1,6 km de extensão.
O primeiro vai da Rua Botucatu até a altura da Rua Mairinque. E o segundo, da Rua Mairinque até a Rua Embuaçu, passando por baixo da Rua Domingos de Morais.
Especialistas ouvidos pela nossa reportagem alegam que a obra une uma tragédia ambiental e uma tragédia social. Para abrir caminho para os carros, 78 árvores nativas devem desaparecer, além de outras 94 espécimes exóticas.
O túnel também vai passar por uma área que, desde a revisão da Lei de Zoneamento, no ano passado, é reconhecida como ZEPAM (Zona Especial de Proteção Ambiental).
Além disso, a obra vai passar por uma região sensível, ou seja, o túnel vai passar pertíssimo, um metro das linhas azul e lilás do metrô, local que tem fiação de alta tensão. Qualquer erro na obra pode causar um dano ainda maior.
Ao menos 172 árvores centenárias serão removidas do corredor Sena Madureira, tido como Corredor Ecológico, que atua em toda a área adjacente, como o Ibirapuera.
Segundo especialistas, não há atualização do estudo de EIA/RIMA, Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e o Relatório de Impacto Ambiental (RIMA), por isso não dá para prever os danos, mas a previsão é catastrófica não apenas para a região onde ficará o túnel, mas também para as áreas, bairros ao redor, como Vila Nova Conceição, Moema, Jardins…
Isso porque pode haver um assoreamento do Córrego Embuaçu, por área ambiental degradada, que desemboca no Córrego do Sapateiro. O Córrego do Sapateiro pode ficar sobrecarregado e alagar os bairro onde está localizado.
O Córrego do sapateiro localiza-se majoritariamente nos bairros do Ibirapuera, Vila Clementino, Vila Mariana e Itaim bibi, portanto pode haver alagamentos na Vila Nova Conceição, Moema, Vila Olímpia, Itaim, Jardins…
O Córrego Embuaçu era um dos últimos a céu aberto na cidade, mas, já no início da obra, parte dele foi concretada, em uma semana.
De acordo com uma lei federal, toda área que fica ao lado de nascentes, rios ou outros cursos d’água é considerada área de preservação permanente. Ao negar que a obra está sendo feita numa área como essa, a prefeitura nega também documentos que ela mesma emitiu no passado.
“A gente acha um absurdo não é uma solução de mobilidade. Isso vai afetar a habitação de mais de 200 famílias, além de que vai destruir centenas de árvores com uma compensação ambiental esdrúxula que é trocar essas árvores por mudas. A gente sabe que mudas não performam o mesmo benefício ambiental, que árvores adultas.” Afirma Dafne Sena Covereadora da Bancada feminista do Psol.
Dados da reportagem da Rede Globo, mostram que com base num estudo de uma consultoria ambiental, a gestão municipal não reconhece a área como sendo de preservação permanente, diferentemente do que afirmam documentos assinados pelo próprio município.
Prefeitura diz que haverá compensação ambiental e que moradores serão realocados, mas eles só começaram a ser contatados esta semana, quando tiveram a primeira reunião com a secretaria da habitação para início de avaliação de suas casas. Esse é um processo demorado, até porque as famílias precisam receber o dinheiro e buscar um novo lugar para morar.
Mas a obra já teve início há alguns dias, moradores relatam que já tiveram rachaduras em suas casas, reclamam do barulho das máquinas.
“Eu nunca vi um licenciamento aqui em São Paulo que você troca um pau ferro, primo do pau brazil uma árvore magnífica, belíssima por uma compensação de uma mudinha, menor do que você. Com um metro e meio.” Explica Eduardo Jorge.
“O que eles querem é criar o fato consumado. Na hora que eles derrubarem esse magnífico corredor verde que levou 50, 60, 70 anos beneficiando toda a Vila Mariana é o fato consumado que eles querem. Não querem discutir, não querem reavaliar. O que estão fazendo é imoral.” Desabafa Eduardo Jorge.
O projeto da gestão Ricardo Nunes (MDB) diz que a obra prevê melhorias para o trânsito na região, mas ambientalistas e moradores afirmam que essa não é a melhor solução para resolver a questão da mobilidade em SP.
“Nós estamos na manifestação em solidariedade as mais de 200 famílias que estão prestes a perderem suas casas e contra a derrubada das árvores em plena crise ambiental. A nossa proposta aqui é que o prefeito de São Paulo invista no metrô, invista em corredores de ônibus e não em túnel que vai aumentar o trânsito com o aumento do conteúdo de automóveis, prevalecendo o individual sobre o coletivo.” Alex Fernandes, Sindicato dos Metroviários São Paulo.
Este projeto está sendo contestado não apenas por moradores das regiões afetadas, como Vila Mariana e arredores, mas também por urbanistas e ambientalistas que questionam o impacto ambiental e social da obra.
É um alerta para todos nós: precisamos repensar o futuro das nossas cidades e alinhar investimentos ao desafio ambiental do século XXI.
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