Um caos urbano, São Paulo rodeada por uma barragem de concreto, após uma enorme inundação, é o cenário da instalação artística Barragem///SP.
A exposição foi criada sob a supervisão de cinco profissionais das áreas de arquitetura e urbanismo, cenografia e design, performance e música – Nivaldo Godoy, Élcio Miazaki, Marcos Martins Lopes, Panais Bouki e André Lenz.
Com entrada gratuita, Barragem///SP ocupa dois espaços da Oficina Cultural Oswald de Andrade (a Sala 28, no 1º andar, e a Casinha, edícula nos fundos do prédio principal).
A obra dialoga com o universo proposto por outras distopias como 1984 (1949), de George Orwell, e Fahrenheit 451 (1953), de Ray Bradbury.
Barragem///SP
Na Sala 28, a instalação Escritório Fantasma reproduz um observatório desativado, com maquetes, mobiliário, televisores e painéis que simulam sobras de projetos urbanos tecnocráticos.
A cenografia, que remete à pós-catástrofe de São Paulo, onde a chuva e a inundação são ininterruptas, é do artista gráfico e designer editorial André Lenz, que produziu também os mapas ficcionais (montagem digital e impressão de reproduções de mapas da cidade em diferentes épocas).
No centro da sala está a maquete da cidade totalmente alagada. Uma caixa de madeira (de 1m X 1m), apoiada sobre uma base de metal, guarda seis camadas de acrílico transparente sobrepostas, com colagens de mapas e edificações tridimensionais representativas de Sampa moldadas em argila e madeira.
A ideia do autor, o arquiteto Nivaldo Godoy, é a possibilidade de ver a cidade através das camadas separadas, como num esquema arqueológico tridimensional.
“A partir da discussão gerada pela situação ficcional proposta pelo projeto foi pensado quais os lugares, monumentos e edifícios seriam preservados das águas; e quais os critérios e valores utilizados para as escolhas. A partir da eleição dos lugares, foram discutidas e apresentadas soluções arquitetônicas e técnicas, com o olhar artístico de diferentes linguagens”, explica o arquiteto e artista transmídia, Nivaldo Godoy, responsável pela concepção e coordenação da Barragem///SP.
Em parceria com o cenógrafo e designer 3D Panais Bouki, ele fez a obra TV///, com 12 televisores que passam antigas transmissões e propagandas da TV brasileira. As imagens foram recortadas e editadas sob logotipos e vinhetas ficcionais. A dupla de artistas desenvolveu quatro canais de programação fictícios: o oficial, com imagens de operários e da barragem em construção; um místico; outro com entretenimento (cenas de parques aquáticos, mergulho e competições de nado); e o Canal 04, com imagens do sistema de câmeras de vigilância da cidade inundada.
Conversa Aberta Barragem///SP
Dia 21 de outubro, artistas e participantes contarão sobre o processo de trabalho e a construção da exposição. Inspirados em situações extremas, o coletivo de artistas faz questionamentos sobre como a sociedade atualizaria parâmetros já problematizados: justiça e direitos, desigualdade e privilégios vindos de condição financeira. Numa hipotética SP alagada, haveria acesso a mínimas condições de vida a todos?
SERVIÇO
Barragem///SP
Visitação: segunda a sexta, das 9h às 21h; sábado, das 10h às 18h, até 28 de outubro.
Local: Oficina Cultural Oswald de Andrade. Sala 28 (no 1º andar) e Casinha (no térreo, nos fundos do edifício principal).
End.: Rua Três Rios, 363, Bom Retiro, São Paulo.
Telefone: (11) 3221-4704.
Entrada: Grátis.
Mais informações: oswalddeandrade@oficinasculturais.org.br www.oficinasculturais.org.br
Conversa Aberta Barragem///SP, com o coletivo de artistas Nivaldo Godoy, Élcio Miazaki, Marcos Martins Lopes, Panais Bouki e André Lenz. 21 de outubro, sábado, das 15h às 18h. Auditório da Oficina Cultural Oswald de Andrade. Aberto ao público. 30 vagas.
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