Aprender outro idioma é muito importante nesse mundo globalizado que vivemos. Mas qual o melhor momento?
Bom, passado o carnaval, o ano novo começa efetivamente!!! É hora de colocar em prática os planos elaborados nas férias. Fazer uma dieta, trabalhar mais, estudar melhor e preparar os filhos para o futuro, dando a eles ferramentas segmentadas de estudo e aprendizagem.
Independente do projeto é preciso planejar e pesquisar sobre o que se pretende fazer para ter sucesso nessa jornada.
Quando a decisão a ser tomada se refere a nós mesmos, parece ser mais fácil, pois cada um conhece seus potenciais e desejos. Porém quando o que está em jogo é futuro de nossos filhos a decisão sempre pede uma reflexão mais apurada e uma observação mais precisa. É necessário não só entender o que os fazem felizes, mas também conhecer a fase certa de iniciar uma atividade para que ela seja aproveitada intensamente.
O mercado de trabalho pede um profissional competente, mas que acima de tudo tenha uma visão ampla de sua área e conhecimento básico de idiomas. Vivemos em uma época globalizada onde o fluxo de culturas é muito grande. Saber falar, ler, escrever ou no mínimo entender um pouco de inglês e espanhol é importante para a vida social, mas acima de tudo fundamental para o mercado de trabalho.
É neste momento que muitos pais se questionam sobre a fase certa dos filhos começarem um curso de idiomas e nós fomos atrás dessa resposta para você.
Para Rosa Maria Lopes Affonso, Professora de Diagnóstico Psicológico Infantil, com livro publicado sobre ludodiagnóstico, as crianças podem começar a aprender outros idiomas desde pequeninas, mas essa aprendizagem deve estar sempre associada a vivência, ao cotidiano dessa criança. “A linguagem propriamente da criança é construída a partir do nascimento, mas a linguagem de outros idiomas que não fazem parte da cultura que ela vive no dia a dia tem que ser acompanhada com uma vivência, com a prática, porque toda linguagem pressupõem uma experiência, o que a gente chama de vivência prática e significativa para a criança.” Segundo ela, existem estudos que mostram que é possível introduzir outro idioma na criança a partir do momento que surge a linguagem oral, mas a Professora alerta que isso deve ser feito de uma maneira cuidadosa para não confundir os pequenos, com relação a linguagem, numa etapa evolutiva muito precoce.
Uma das técnicas utilizadas é a pedagogia Waldorf, baseada na autenticidade da criança, na espontaneidade, no brincar, no aprender com fundo pedagógico é o método usado por algumas escolas de idiomas.
Geraldo Leal de Moraes, Sócio-proprietário da Gaia Idiomas aqui da Vila Nova Conceição, diz que se inspirou em várias pedagogias, dentre elas a Waldorf, e explica que a liberdade é uma das formas mais fáceis de aprender. “Os educadores são catalisadores e estimuladores do processo do aprendizado. A criança deve ter curiosidade, alegria e prazer em aprender uma língua. A felicidade já está dentro da criança, é preciso manter um clima propício para a aprendizagem, fazendo a criança se sentir livre e segura”, afirma Geraldo.
Outro aspecto muito importante na hora de introduzir um novo idioma em uma idade precoce é a participação da família. Ou seja, é preciso que os pais ou responsáveis tenham o hábito da prática desse novo idioma em casa para ajudar a criança a entender melhor o significado do idioma. Se o ambiente em que a criança convive não tem o uso do código linguístico do outro idioma a criança pode ficar confusa com relação às palavras. A linguagem começa com os pais nomeando as ações “caiu”, “bateu”, a criança vê a ação e ouve o que aconteceu, isso significa que ela vivenciou o acontecimento. Ela viu, ouviu e entendeu a ação. Com o tempo, ela vai associando ações com palavras, e a linguagem oral vai ganhando significado no contexto geral, isso significa vivencia prática. Se a família usa outros códigos linguísticos, a criança começa a perceber que existem outros nomes para a mesma ação.
A criança só vai conseguir distinguir sozinha as diferenças de linguagem por volta dos 7 anos. É por isso que a alfabetização também começa nessa idade. Então, se a família não tem a vivência prática de outro idioma o ideal é que a criança comece a aprender outras línguas nessa faixa etária. “O importante para o aprendizado de outro idioma é respeitar as 3 fases de aprendizado: Vivência, representação, significado” afirma a Professora Rosa Maria.
Carolina Elizabeth Lopes Lauria, Professora Mestre da área da educação da FMU explica que até a puberdade, 12 anos, todas as janelas de possibilidades de conhecimento estão abertas. Dos 6 aos 12 é uma boa fase de aprendizagem. Porém os pais devem levar em conta as habilidades, as múltiplas inteligências, dos filhos. Ela explica que a partir dos 6 anos tem início uma maturidade da memória de longo prazo. Não existe um método de aprendizagem que seja mais eficaz. O Brasil ainda não conseguiu definir seu método de alfabetização. “Estamos na proposta construtivista, mas nada de concreto. O mais importante é ter uma motivação sentimental, porque se moro num lar onde meus pais falam inglês fluente é muito mais fácil e faz mais sentido aprender outro idioma”, reforça a Professora Elizabeth.
Como identificar se o filho não está pronto para outro idioma?
Os sinais são vários, a criança sempre vai sinalizar se ela não está bem. “Um sinal que a gente chama de grave é dado pelo próprio corpo, a dor pode ser expressa através do comportamento agitado, agressivo ou ainda no desligamento, ou seja, desinteresse acompanhado de apatia, recolhimento no seu próprio mundo já que o que deveria ser aprendido não está fazendo sentido para ela”, explica a Professora Rosa Maria.
Outro ponto importante na hora da escolha de uma escola de idiomas, segundo os profissionais da área, é lembrar que para qualquer aprendizagem é preciso existir o lúdico.
Segundo Flávia Cardoso, Educadora da Gaia Idiomas, o papel do educador em sala de aula não é ser a pessoa que vai trazer a informação para as crianças, mas sim o profissional que vai mediar o que a criança já sabe com seus novos conhecimentos. “Até os 7 anos não usamos livros, trabalhamos com projetos de situações cotidiana e aspectos do aprendizado que envolvem temas como esportes, ciências, culinária, jardinagem, personagens, contos de fadas, músicas, meios de transportes”, diz.
O pai deve ter em mente que também existem as diferenças de aprendizado que variam de criança para criança. É um aglomerado de fatores associados, englobam questões orgânicas, estimulação do meio que ela vive e o desejo dela em interagir com esses estímulos. Não se pode negar também que a criança tenha desejos. Ou seja, ela pode não gostar de determinado idioma. “É um conjunto de fatores que vão determinar um maior grau de facilidade ou não de aprendizagem. Antes dos 6 ou 7 anos é mais difícil de reconhecer se a criança está aprendendo ou não, ela ainda é muito precoce e quer brincar com as letras, quanto menor a criança menos recursos a gente tem para identificar esse desejo”, pondera a Professora Rosa Maria.
A Janela de Aprendizagem
A cobrança e a ansiedade dos pais podem atrapalhar o processo. É preciso respeitar as habilidades das crianças. Se a criança não gostar não adianta. Ela não vai ser feliz, não vai exercer as tarefas, vai ficar de mau-humor, não vai participar. Quando essa criança estiver em outra faixa etária com maior maturidade vai poder decidir o que realmente quer fazer.
Maturidade, sentido, habilidade. A janela de aprendizagem da criança está aberta dos 0 aos 12 anos, mas a maturidade começa a partir dos 6 . “Tem uma coisa interessante… por mais que uma criança comece com 10 anos a aprender outro idioma, ela não vai ter prejuízo de aprendizagem ou fixação se comparado a uma criança que começou aos 6”, compara a Professora Carolina Elizabeth.
Carolina Albuquerque, Estudante de Pedagogia da FMU e Professora Auxiliar de uma escola bilíngue tem trabalhado com crianças de um ano e meio, e faz a seguinte observação “As crianças de 5 para 6 anos guardam com mais facilidade o que falamos, conseguimos desassociar o inglês do português. Com as turmas menores tudo é traduzido para o português. Eles ainda não fazem associação, a gente fala inglês com eles e eles respondem em português. O método é falar inglês na escola que trabalho. Ver a imagem associada a uma palavra em inglês facilita a associação. Uma forma sutil de introduzir o inglês é ouvir a criança em português mas responder em inglês, isso vai ajuda-la gradativamente a pensar em inglês.”
Nós aprendemos muito mais quando ouvimos, vemos e fazemos. Ninguém aprende só ouvindo, então as imagens tanto na alfabetização da língua materna quanto em outro idioma são importantes, “o método analítico é o que vem sendo usado pelas escolas”, diz a Professora Carolina Elizabeth.
Segundo Geraldo, apesar da liberdade na hora de aprender, as crianças passam por um processo pedagógico de aprendizagem. “Elas passam em 5 estações diferentes, tem ‘time’, tem ordem, tem cooperação, tem planejamento e os educadores preparam as aulas para cumprir um circuito de ensino. Elas cozinham, cantam, brincam, arrumam, jogam, pulam, dançam. Tudo dentro da metodologia. Temos uma horta para ajudar na prática, eles que plantam, sabem o que estão plantando, acompanham o crescimento e depois colhem.”
A observação e o acompanhamento na fase de aprendizagem é o principal termômetro que os pais e responsáveis têm para medir o desejo e habilidade dos filhos. Cada criança tem um motivo, tem uma motivação, tem um tempo, um sentimento e suas próprias vontades que devem ser respeitadas. Só assim, ela terá prazer em aprender, não só na infância, mas também na fase adulta.
Por Ilana Alves.
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