Olá!
Essa semana, li uma matéria no site do Diário do Grande ABC (quem mora fora de SP, o Grande ABC consiste nas cidades de Santo André, São Bernardo, São Caetano. E ainda tem Diadema e Mauá). Sobre a presença e o apelo da autora Lygia Fagundes Telles durante uma reunião na Academia Paulista de Letras, em São Paulo.
Ela é bem clara na matéria: “Me leiam, não me deixem morrer”. A matéria você confere clicando aqui. O apelo é para o leitor jovem, que, assim como eu, prefere ler os best-sellers internacionais – mesmo eu lendo nacionais, na minha prateleira domina o que vem de fora.
Pois bem, no sábado 14, em mais uma ida a biblioteca, eis que encontro esse livro e, lembrando da matéria, não pude deixar de pegar emprestado. Vem conferir “O Segredo e Outras Histórias de Descoberta”, que, diga-se de passagem, é o primeiro livro que leio dela.
“O Segredo e Outras Histórias de Descoberta” é um livro de contos, tão curto que dá pra ler em duas horas (ou menos). São cinco contos em que crianças descobrem as primeiras sensações de ser adulto, como o amor, a dor da perda ou a traição. O livro tem 63 páginas. Os protagonistas de cada conto não têm nome, mas tem sentimentos que qualquer um de nós consegue se identificar. Cada capítulo possui uma ilustração, feita por Eloar Guazzelli.
O primeiro conto, “Herbarium”, mostra uma menina que se apaixona pela primeira vez, ao passo que ela brinca com as palavras. Enquanto ela busca folhas raras para um herbário, ela deixa de contar pequenas mentiras, para contar mentiras maiores, tendo em vista que está apaixonada pelo primo mais velho e que está doente. Esse conto eu não gostei, achei bem arrastado.
Depois vem “O Menino”. Aqui, o pequeno vai ao cinema com a mãe. Ele acha que vai ver mais um filme meloso, mas, na verdade, vai servir para que a mãe cometa adultério. O menino se sente traído, ao mesmo tempo que entende como é trair alguém. Eu gostei desse, fiquei com bastante pena dele, deve ser triste se sentir usado.
O terceiro conto é “O Segredo”, em que uma garotinha aposta com seu irmão se ela teria coragem de jogar uma bola em determinada casa e depois ir buscá-la. A casa em questão pertence a um grupo de prostitutas. Um lugar em que ela não deveria estar, mas acaba descobrindo um mundo novo, diferente de tudo que ela poderia ter pensado até então.
Gostei desse, mas admito que fiquei preocupada com a menina, vai que algo de ruim acontece com ela?
Em seguida vem “O Gorro do Pintor”. Nesse conto, uma garotinha vai assistir a uma apresentação de música lírica com a mãe, mas ela fica impressionada demais com a performance da cantora, fazendo com que ela chore. Muito. Também gostei desse, ainda mais por mostrar como a criança se sente ao levar uma situação ficcional a sério.
E o último conto, “A Rosa Verde”, mostra uma garotinha que, após perder seus pais em um curto espaço de tempo, vai morar com os avós em um sítio de um tio. Enquanto isso, o avô quer criar uma rosa de cor verde. Gostei desse por retratar como uma criança reage à dor da perda. De um jeito simples e inocente.
O livro termina com uma análise de cada conto, escrito por Noemi Jaffe. E ainda vem com biografias básicas da autora e do ilustrador. Esse foi meu primeiro contato com a escrita da Lygia. Ela é simplesmente encantadora! Apesar de seus 92 anos, ela escreve como se tivesse coração de criança. Talvez seja por isso que o leitor jovem (me incluo aí) não leia tanto assim as obras dela.
Esse livro foi publicado pelo selo Seguinte, da Cia. das Letras. Foi feito um excelente trabalho de revisão (a própria autora revisou) e edição. Não encontrei erros e a capa está maravilhosa. Para quem gosta de contos e não sabe qual nacional ler, esse livro é uma ótima sugestão.
E para a juventude, vou parafrasear um dos maiores sucessos de Alcione (rainha): Não deixe a Lygia morrer, não deixe a Lygia acabar…
Kamila Villarreal é aluna de jornalismo, apaixonada pela leitura e escritora do blog Resenha e Outras Coisas.
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