A dança exige muito dos bailarinos. Exige paixão, dedicação e disciplina! Não é fácil seguir a carreira de bailarina(o), durante nossa matéria especial conversamos com alguns bailarinos e todos diziam que passavam quase o dia todo estudando dança.
Para conhecer melhor esse universo, nossa equipe foi à Escola Paulista de Dança, que é referência na área e está localizada aqui na nossa região. A Escola existe há 14 anos em São Paulo, nasceu no Itaim, bairro vizinho a Vila Nova Conceição, mudou de endereço, mas permanece pertinho, agora está em Moema.
A Escola é a primeira a ser lembrada quando o assunto é dança. Além da tradição em ballet, a EPD, Escola Paulista de Dança, tem um trabalho muito bonito no segmento social. Para eles, a ideia é usar a dança como meio de formar não só bailarinos, mas também futuros profissionais de dança. São escolhidos para esse projeto, alunos que, apesar de sonharem com a dança, não teriam condições de pagar o curso.
Como no Caso de Anderson Patrick Nascimento de Lima, 19, aluno desse projeto, que teve muitas dificuldades, mas após 10 anos de estudo e muita garra, tem tido muito reconhecimento na área. Já ganhou bolsas de estudos lá fora. Voltou, mas já está de malas prontas para uma nova viagem. Vamos contar essa história.
Nossa equipe foi até a Escola Paulista de Dança para falar um pouco sobre o ballet, arte que encanta as meninas, principalmente por mexer com um lado lúdico e romântico, mas também vem ganhando espaço no território masculino.
Conversamos com Andreia Hayashida, Diretora da EPD e Letícia Ferreira, ex-aluna do Projeto Social da EPD, que após se formar no ballet, voltou para unir duas paixões: a dança e a comunicação!
Confira esse bate papo que traz várias informações importantes para quem quer iniciar na dança e também para quem quer compartilhar boas histórias.
Vila Nova Conceição SP: Andreia, conta um pouquinho da Escola Paulista de Dança.
Andreia, Escola Paulista de Dança: A Escola Paulista de Dança existia no Itaim, na João Cachoeira, ela começou lá com a Regina Gonzalez, eu fui aluna de lá. Depois eu mudei, fui morar em Porto Seguro, mas sempre fiquei em contato com a minha professora de ballet, a Andreia Gregori. Com o passar do tempo, ela me contou que comprou a Escola Paulista de Dança e mudou a unidade para Moema. Na sequencia, ela me convidou para vir trabalhar com ela. Acabei ficando 4 anos na coordenação, depois ela foi para Boston, porque o marido dela foi a trabalho para lá. Ela acabou me vendendo a Escola. Eu fiquei muito feliz! Essa oportunidade surgiu pela mesma paixão que a Andreia Gregori, que é o Projeto Social. Ela já fazia o Projeto Social em outra escola. Quando ela comprou a Escola Paulista de Dança o objetivo era formar os bailarinos que não tivessem a oportunidade de pagar um curso de ballet. Com o tempo foram surgindo os alunos pagantes.
Vila Nova Conceição SP: Tem mãe que quer colocar a filha no ballet não para seguir uma carreira na área, mas como uma forma de conhecimento do corpo?
Andreia, Escola Paulista de Dança: Sim. Nós temos na mesma aula, um aluno que quer ser bailarino e o que não quer. Com o que não quer, nós ensinamos a dança da forma correta, mas sabendo que não vamos ter o mesmo grau de dedicação. Aquele que quer se formar e fazer do ballet uma profissão a exigência é grande, as cobranças são maiores, esse aluno tem que frequentar uma determinada carga horária. O que não quer, vai faltar quando tiver prova para estudar e nós vamos entender.
Vila Nova Conceição SP: É possível detectar essa postura desde pequeno?
Andreia, Escola Paulista de Dança: Sim, desde pequenininho. Com os muitos anos de experiência que a gente tem, logo de cara você já nota quem tem a garra, a vontade, a dedicação. Olha, acho que todos que eu apostei, deram certo!
Vila Nova Conceição SP: Quais são as características necessárias para se trabalhar com dança profissional?
Andreia, Escola Paulista de Dança: Na parte física é preciso ter boa flexibilidade, bom arqueamento do pé, para subir nas pontas dos pés, tem que ter o tônus muscular relativamente forte, sem ser grosso como o de musculação e tem que ter uma cabeça muito boa, porque a dança exige muito e trabalha com muita perfeição. Você trabalha na frente de um espelho o tempo inteiro, então tem que ser muito bem resolvido para saber lidar com as diferenças, como por exemplo quando um parceiro seu sobe a perna até a orelha e você não. Existe uma parte competitiva, que aqui na Escola trabalhamos bastante, para não cair para o lado negativo. É sempre bom haver esse lado competitivo, mas ele tem que ser saudável.
Vila Nova Conceição SP: O que o ballet, além da parte física, proporciona de desenvolvimento para o aluno?
Andreia, Escola Paulista de Dança: Disciplina, responsabilidade, trabalho em grupo, todas as coreografias, a princípio são em grupo. Depois que eles vão se destacando, eles vão trabalhando sozinhos, com as variações e os solos. Com isso, o aluno também trabalha o respeito, ou seja, aprende a respeitar o espaço do outro. Também estimulamos a parte de criatividade. Tem várias características que o ballet desenvolve que podem ser úteis inclusive no mercado de trabalho, mesmo o bailarino não seguindo carreira na dança. Atualmente, existem alguns estudos que mostram que o candidato a uma vaga de trabalho que coloca no currículo que fez ballet, tem mais chance de ser contratado. Isso porque acaba sendo diferenciado por uma questão de disciplina e flexibilidade.
Vila Nova Conceição SP: Com relação ao menino que quer fazer ballet, mas que em algum momento pode sofrer algum preconceito, seja da própria família, ou por ter vergonha de contar para os amigos. Qual o conselho que vocês dão?
Andreia, Escola Paulista de Dança: Um grande desafio da vida é a gente não ligar para o que os outros pensam. Então, acho que para eles, os meninos que querem entrar na dança, esse é um ponto que eles vão ter que trabalhar desde o começo. É saber que pode acontecer dos outros não aceitarem, não entenderem, e ai eles terão que aprender a lidar com isso. Aprender a “não escutar o que os outros dizem”, não ligar para o que os outros dizem. Isso porque o preconceito para menino na dança ainda é muito grande aqui no Brasil. Uma amiga minha portuguesa, inclusive me falou esses dias que não consegue entender porque esse preconceito permanece aqui no Brasil, em Portugal se tem uma boa aceitação dos homens na dança. Hoje está mais do que provado que o homossexualismo está em todas as áreas, então tínhamos que desassociar isso da dança. Tem um outro lado muito bacana do menino em fazer ballet que é o desenvolvimento do cavalheirismo. Eu já tive aqui na escola o Victor, o Manuel, o Gabriel, eu tive uns quatro meninos, que começaram pequenininhos, tivemos um grande número de meninos que começaram, mas todos do programa social. Eles demonstraram interesse e a mãe apoiou e trouxe. Às vezes a mãe escondida do pai, e com o tempo a gente teve que conversar. Logo que entra no programa social eu já aviso que não dá para fazer escondido do pai. Chamo os dois e conversam comigo. Então explico que se o menino tem vontade de fazer ballet não significa que ele vai ser uma coisa ou outra, o ballet não influencia nisso. O ballet não define a sexualidade do rapaz.
Letícia: Em primeiro lugar esse aluno tem que acreditar nele. Se esse é o sonho dele, ele tem que acreditar. Não importa o que os outros pensem ou falem. Não importa que digam que você não vai conseguir, ou que ballet é coisa para menina. Não importa. Se ele quer tem que acreditar.
Vila Nova Conceição SP: E você Letícia. Você era aluna do projeto Social. Como foi que começou?
Letícia: Eu comecei com nove anos. Vim em um teste junto com uma amiga que já dançava. Como meu pai trabalhava perto eu acabei vindo. Fiz o teste e já no teste eu falei “Meu Deus do Céu… Amei!”. Passei e já iniciei os estudos, me formei aqui com 18 anos. Fiquei parada dois anos, foi durante o curso da faculdade. A Escola Paulista de Dança sempre foi a minha segunda mãe.
Vila Nova Conceição SP: Qual foi sua maior dificuldade?
Letícia: Eu não tive tanto apoio em casa. Meu pai nunca gostou muito. Eles sempre me apoiaram com relação aos meus sonhos, mas sempre tiveram uma trava com relação a dança. Mas mesmo assim eu acreditava. Eu dançava o dia inteiro.
Vila Nova Conceição SP: Como você conciliava o estudo e a dança?
Letícia: Eu vivia sentada aqui nas escadas com caderno da escola estudando as aulas, estudando para as provas. Eu cresci aqui na escola. Mas sempre que sobrava um tempinho eu pegava os cadernos para estudar. Minha formação pessoal e profissional foi aqui na Escola Paulista de Dança
Andreia, Escola Paulista de Dança: Ela se formou. Cumpriu o objetivo aqui da Escola e depois decidiu trabalhar na área da publicidade. Eu sempre falo para os alunos terminarem o projeto que começaram aqui e depois continuarem estudando o que escolherem. A Letícia, por exemplo, terminou o projeto aqui na Escola de Dança, depois foi fazer um curso superior e agora voltou e está trabalhando a parte de comunicação da Escola.
Vila Nova Conceição SP: Como é estar de volta depois de dois anos, Letícia?
Letícia: Todo esse processo foi muito bom. Fui fazer uma faculdade, estudei e agora posso ajudar a Escola de outra maneira. Eu tenho duas profissões: dou aula de dança, porque me formei na dança e faço a parte de marketing da Escola Paulista de Dança, porque fiz bacharelado em Publicidade. Hoje faço as duas coisas que gosto. Pela manhã cuido da parte da comunicação e a tarde dou aula. Eu dou aula de ballet para o estágio infantil no Colégio da Companhia de Maria, o Compa.
Andreia, Escola Paulista de Dança: Agora que ela escolheu voltar, ela tinha certeza do que queria e ainda disse que daqui a uns 20 anos quer ter uma filial da Escola. Nada melhor do que ter uma pupila que quer seguir essa história!
Vila Nova Conceição SP: O que você acha que é mais difícil para continuar no ballet?
Letícia: Nas minhas alunas pequenas eu não verifico muitas dificuldades. Mas nas minhas alunas de primeira série, eu já sinto que aparecem algumas coisinhas. Elas sentem um pouco de dificuldade e já querem desistir. Se começam a fazer o alongamento e não conseguem na primeira vez, já querem parar. Na minha aula é proibido falar “eu não consigo”. Quem falar “eu não consigo” fica mais um minutinho no alongamento. Acho que isso é importante para motivar, eu vejo crianças que ficam jogando por muito tempo em frente aos equipamentos eletrônicos, isso também pode deixar a criança mais preguiçosa. Então é preciso movimentar mais. E o ballet é uma atividade que tira as crianças um pouco dessa situação, que brinca e interage com outras crianças, que movimenta e estimula.
Andreia, Escola Paulista de Dança: Nós percebemos também que outra grande dificuldade que os alunos têm para chegarem até o fim dos estudos no ballet são as diversas atividades diárias a serem cumpridas. Com isso, eles não conseguem ter a carga horária que o ballet necessita.
Vila Nova Conceição SP: A partir de que idade o menino, a menina podem começar no ballet?
Andreia, Escola Paulista de Dança: Desde o ano passado a gente começava com 3 anos. Mas vieram algumas mães implorarem para colocar as filhas de 2 anos, então acabamos puxando para 2 anos. Mas que fique bem claro que não é ballet. É uma expressão corporal. Desenvolvemos lateralidade, noção de espaço, coordenação motora. Elas não vão ficar na ponta do pé, até porque nem a ossatura do pé está bem formada. Tudo é feito com muito cuidado porque elas são muito novinhas, algumas ainda têm fralda, o que deixa as perninhas mais separadas. A gente respeita essa limitação. Então a fase infantil aqui na Escola Paulista de Dança tem as etapas Mini baby, Baby e Pré, essas etapas têm atividades bem lúdicas. Entre Mini Baby e Pré elas ficam de 2 a 6 anos. No Pré a gente já começa a introduzir matéria, mas ainda é de uma forma lúdica, sem a formatação da aula de ballet clássico. A partir da primeira série, a criança já com uns 7 anos, começamos a separar a parte lúdica, começamos a introduzir matéria, ou seja, realizamos uma aula completa com barra, centro, saltos, inclusive, essa fase, já exige uma carga horária maior.
Escola de Dança Social
Vila Nova Conceição SP: Como é esse projeto social que tem a Escola Paulista de Dança?
Andreia, Escola Paulista de Dança: Antigamente a gente fazia um teste de aptidão. Era sempre aos sábados. Nós divulgávamos nas escolas públicas da região e também no boca a boca. Chegava a vir cerca de cem crianças e fazíamos um teste de aptidão musical, flexibilidade, curvatura do pé, o mínimo que precisa ter fisica e cognitivamente para poder dançar. Os que passavam ficavam. Então chamava os pais para conversar, explicava que precisava do apoio deles que o objetivo do programa social é a formação, não é lazer. Eu não estou fazendo para tirar as crianças da rua, claro que acaba sendo, mas eu não estou pegando qualquer criança, estou fazendo uma seleção, eu pego uma criança que pode ser bailarino e que pode ter uma profissão.
Vila Nova Conceição SP: Eles seguem a carreira?
Andreia, Escola Paulista de Dança: Muitos acabam desistindo no meio do caminho. Tanto que outro dia estávamos falando com um aluno meu “imagine se todos que começaram com você ainda estivessem na escola?! Não ia caber aqui!” Já passaram muitos por aqui, mas muitos desistem. Até porque, quando chega a época do vestibular os pais começam a cobrar o estudo ou eles começam a trabalhar. Perto dos 18, os pais começam a cobrar. E o ballet leva cerca de 10 anos para a formação.
Vila Nova Conceição SP: Hoje ainda tem a seleção para o programa social?
Andreia, Escola Paulista de Dança: Hoje a gente não faz mais esse teste em uma data específica, essa avaliação pode acontecer em qualquer época. Temos até a intenção de voltar a marcar uma data específica para o teste. Mas ultimamente eles acabam entrando até no meio do ano. Alguém liga dizendo que sabe sobre o programa social e nós acolhemos. Pedimos para vir durante uma aula e a professora já faz uma avaliação na própria aula. Só vai depender da quantidade de vagas por turma. Eles não tem aulas sozinhos, não é uma aula do programa social, é uma aula da escola e eles são encaixados na turma. A Letícia quando entrou estava na primeira série, já existia essa turma aqui na escola com os matriculados pagantes regulares, então colocamos ela. Com isso fazemos a inclusão social. Isso é super legal porque existe uma interação entre eles, assim eles têm uma referência de vida diferente e passam a quer também uma vida melhor.
Vila Nova Conceição SP: Letícia, e você! Você sentiu alguma vez algum tipo de diferenciação, discriminação por parte dos alunos pagantes?
Letícia: Nunca. Tanto que aqui a gente fala que somos a família EPD (Escola Paulista de Dança).
Vila Nova Conceição SP: Esse aluno do programa social não paga mensalidade, mas tem algum custo?
Andreia, Escola Paulista de Dança: O aluno do programa social não paga a mensalidade, mas arca com a compra do material para as aulas como sapatilha, roupa… Antes nós tínhamos patrocínio e nem isso eles pagavam, mas hoje não temos mais o patrocinador, então eles têm que comprar. Eles compram o uniforme deles, fazem a manutenção (troca) desse material e todos os alunos pagam o figurino dos espetáculos e a taxa de exame. Mas eles pagam o valor de custo (uma taxa diferenciada).
Vila Nova Conceição SP: Quanto sai um material para iniciar os estudos?
Andreia, Escola Paulista de Dança: Para começar as aulas, o aluno vai gastar cerca de R$ 200,00 e por mês ou até a cada dois meses, o aluno vai gastar uns R$ 110,00, para fazer a troca de sapatilha por exemplo, que gasta muito. Outra coisa que desgasta facilmente é a meia calça. O collant é uma peça que dura, mas é preciso ter umas três peças para fazer as trocas de lavagem, não dá para usar o mesmo collant todo dia, em determinada fase eles suam muito. Agora, quando os alunos são pequenininhos o gasto é menor. O material não tem tanto desgaste. Para o programa social nós pegamos alunos a partir dos 6 ou 7 anos, não pegamos baby ou pré.
Vila Nova Conceição SP: As classes têm quantos alunos?
Andreia, Escola Paulista de Dança: Em média 12 entre pagantes e alunos do programa social, nas turmas dos pequenininhos. Se forem as maiores, como uma 5ª série pode chegar a uns 15 alunos.
No dia do nosso bate papo nós encontramos com Nilde Oliveira, mãe de Gabrielly da Silva Moraes, 17 anos, que também é aluna do projeto. Hoje ela já é formada em dança, mas continua os estudos na Escola Paulista de Dança. No dia de nossa entrevista com Nilde, a Gabrielly estava em Brasília se apresentando em um festival importante de dança. Ela espera os 18 anos para começar a fazer as audições e entrar em alguma companhia.
Vila Nova Conceição SP: Nilde, como foi todo esse processo para a Gabrielly?
Nilde: Foi maravilhoso, porque ela sempre teve vontade de dançar. A gente achava que ela não ia seguir porque, com 7 anos, ela era gordinha e bochechuda. Mas como a dança era o que ela realmente queria, ela foi bem esforçada para passar no teste e durante todo esse percurso. Hoje é a paixão dela, tudo que a Andreia fala ela assina embaixo. Foi difícil, foi sacrificado, mas valeu cada centavo.
Vila Nova Conceição SP: Nilde, o que você falaria para as mães que têm filhos que gostam de dança?
Nilde: Incentive em tudo que puder, dê força. Tem muita mãe preconceituosa, porque tem menino que gosta de dançar, mas não é certo, preconceito não leva ninguém a lugar nenhum. Se é isso que o filho quer, os pais têm que incentivar porque vale a pena ver um filho feliz fazendo o que gosta.
Andreia, Escola Paulista de Dança: É muito importante ter uma mãe como a Nilde que incentiva, que dá força, que não deixa desistir. É muito fácil desistir. Ballet é difícil, exige muito. Chega uma hora que elas estão cansadas e pensam em parar, mas tudo na vida exige da gente, então ter um parente que incentiva é super positivo!
Andreia Hayashida explica que as aulas têm duração de 1 hora e meia a 2 horas. Na sequencia vem o ensaio com duração de mais 1 hora e meia. Então, no mínimo, é preciso ter uma dedicação de 3 horas entre aula e ensaio. No nível avançado, como é o caso da Gabrielly, essa dedicação aumenta. Além da aula e do ensaio, durante o dia são feitas outras aulas o que contabiliza um total de cerca de 8 horas de dança por dia.
Tanta dedicação e paixão pela dança emociona a plateia durante as apresentações, e mais que isso, traz felicidade para os bailarinos!
A paixão pela dança
Anderson Patrick Nascimento de Lima, 19 anos, resolveu seguir na dança desde pequeno. Entrou no ballet através do projeto social da Escola Paulista de Dança com 10 anos de idade. Quando começou, vinha acompanhado da irmã, mas ela logo parou. Em compensação, ele ficou e hoje é um dos alunos de destaque da Escola. Ganhou bolsa de estudo para a American Repertory Ballet da Escola Princenton Ballet School e está de malas prontas para os estudos. O que ele precisa agora é de um dinheirinho extra para se manter lá. Acompanhe nosso bate papo.
Vila Nova Conceição SP: Como foi o início. O que você sentia mais dificuldade?
Anderson: Meu medo era mais financeiro, tínhamos algumas dificuldades financeiras. O primeiro problema era a passagem de ida e volta para a Escola de Dança. Minha mãe me ajudou muito, pegava dinheiro emprestado para que eu e minha irmã viéssemos para as aulas. Foi difícil. Além da passagem veio a dificuldade de alimentação, porque ficávamos muito tempo fazendo aula aqui e tínhamos que comer. Mais um gasto. Muitas vezes desanimávamos, mas continuamos mesmo assim. O bom é que depois acabei tendo padrinhos aqui no projeto social que me ajudavam com esses gastos. Eu também comecei a me virar e procurar emprego como professor de dança ou até para fazer alguns espetáculos. Minha irmã acabou saindo para ajudar minha mãe em casa.
Vila Nova Conceição SP: E os estudos?
Anderson: Eu terminei o colegial, comecei a faculdade, mas acabei parando porque ganhei uma bolsa de estudo de dança em uma companhia americana.
Vila Nova Conceição SP: Agora, eu gostaria que você contasse como foi que você conseguiu essas bolsas de estudo fora?
Anderson: Teve uma seleção aqui em São Paulo, 25 pessoas foram escolhidas. Eu acabei sendo selecionado para a final em Nova York, que aconteceu em abril deste ano, 2015. Fiquei por lá 4 meses. Nesse tempo, eu fiz uma audição no Ballet de Princenton, acabei sendo aceito como trainee, minha carga horária era a mesma dos bailarinos contratados da companhia, só que eu não era remunerado, mas foi uma experiência maravilhosa! E acabei ganhando uma bolsa de estudos lá.
Vila Nova Conceição SP: Então essa viagem é para fazer esse curso? Quanto tempo de curso?
Anderson: Sim. Será um ano de trainee. O que eu ainda estou meio preocupado é com relação ao dinheiro para me manter lá. Já me falaram para ficar calmo porque o mais difícil eu já consegui, que foi a bolsa, mas mesmo assim eu ainda me sinto meio impotente de chegar lá e não conseguir me manter. Mas tenho que tentar.
Vila Nova Conceição SP: Anderson, pelo que estou vendo essa bolsa representa muito mais do que a possibilidade de um estudo, ela representa uma vitória. Você não acha?
Anderson: Com certeza! Além de ser uma super oportunidade de se profissionalizar, num pais bacana. E depois de um ano, se eles verem que eu tive um bom desempenho eles podem me contratar para a companhia.
Vila Nova Conceição SP: Qual a mensagem que você deixa para os meninos, para as meninas que querem seguir na dança, mas as condições financeiras não são boas?
Anderson: A primeira coisa é não pensar muito se tem ou não dinheiro. Se você gosta, tem que enfrentar a situação atual e lutar para melhorar, para reverter a realidade. Sempre existem dificuldades, mas você tem que fazer o que gosta, não tem que pensar no que os outros vão falar, coisas do tipo “para com ballet, ballet não dá dinheiro”, “você é menino, não tem que fazer ballet”. Se você gosta de fazer ballet, tem que fazer. A vida vai dando um jeito de colocar você lá. Vai ter um dia que vai acontecer.
Vila Nova Conceição SP: Anderson, aproveitando o gancho dos meninos. Você, por ser menino, sentiu algum preconceito?
Anderson: Sim. No começo. Tanto que nos 4 primeiros anos que fazia ballet ninguém sabia da minha escola. Eu tinha medo. Só que no primeiro ano do Ensino Médio eu já estava mais certo do que eu queria e ainda havia mudado de escola. Eu estava mais seguro, então a primeira coisa que eu falava para as pessoas é que eu fazia ballet. E o retorno que tive das pessoas foi super positivo. Eu descobri que o preconceito está muito na nossa própria cabeça. Também é importante trabalhar isso internamente. Se você tratar isso com preconceito, a hora que você falar para alguém, essa pessoa já vai sentir isso. Você tem que tratar como uma coisa natural, com segurança, a final é o que você gosta de fazer!
Os amigos do Anderson fizeram uma conta no site vakinha.com para arrecadar verba para ele estudar dança nos Estados Unidos.
Quem puder ajudar o link é: www.vakinha.com.br/vaquinha/estudos-de-danca-nos-eua
O pessoal da Escola Paulista de Dança preparou um vídeo para divulgar o trabalho do Anderson e ajudar na arrecadação de verba: www.youtube.com.br
SERVIÇO
EPD, Escola Paulista de Dança
End.: Avenida Lavandisca, 663 A, Moema, SP
Tel.: (11) 5051 2163 | (11) 97130 4054
E-mail: info@epdanca.com.br
LEIA MAIS NOTÍCIAS EM VILA NOVA CONCEIÇÃO SP. O Portal Via Nova Conceição SP faz parte da Rede SP de Notícias. Há 7 anos, conectando pessoas, gerando valor!