abril 20, 2024 2:09 PM

Search
Close this search box.

Por Ilana Alves.

Floriano Pesaro, morador da Vila Nova Conceição e atualmente Deputado Federal, em um bate papo descontraído com a equipe Vila Nova Conceição SP, contou um pouco da vida pessoal e profissional. Sempre com muita simpatia falou também sobre sua trajetória política e sobre sua atuação no bairro, como vice-presidente da Associação de Moradores. Entre um gole e outro do saboroso café do Bread & Co. Floriano, como gosta de ser chamado, não fez mistério em dizer quais os estabelecimentos que gosta de frequentar, por aqui, local onde reside há 12 anos.

Floriano Pesaro
Floriano Pesaro num bate papo descontraído na Padaria Bread & Co. Foto: Alê Silva / Ai Press.

Nosso objetivo é trazer pontos de vista para melhorar nosso bairro e mais… Contar um pouco sobre a Vila Nova Conceição, um bairro charmoso, elegante e com muitas histórias importantes!

Com uma energia contagiante e sempre com um sorriso no rosto, Floriano nos atendeu, dando uma entrevista muito importante para a nossa região.

Mesmo com a correria do trabalho e com uma agenda lotada, desde nosso primeiro contato, Floriano Pesaro, se dispôs prontamente a nos atender para esse encontro. Floriano Pesaro e seus assessores Fátima Brito e Paulo Roberto Uehara, ficaram com nossa equipe das 8h30 às 10h00.

Foram muitos os assuntos. Um dos problemas que o bairro vive é o aumento do tráfego de veículos. Esse foi um dos focos que abordamos com Floriano Pesaro. Moradores de rua, administração pública, e claro, política… Alguns assuntos polêmicos, muitos deles relacionados ao bairro, também fazem parte desse café da manhã, que aconteceu na padaria Bread & Co., e que você confere agora.

Vila Nova Conceição SP: Para começar o nosso bate papo, conta um pouquinho da sua história pessoal, onde morou, o que gostava de fazer.

Floriano Pesaro: Eu morei a minha vida toda em Pinheiros. Andei muito de bicicleta, sempre tive a bicicleta como meio de locomoção. Eu estudei no Colégio Jaraguá, que ficava na Rua Grécia, depois estudei no Soma, Ensino e Pesquisa, que ficava na Rebouças e passei para o Colégio Nossa Senhora das Graças, o Gracinha, na Rua Alvarenga.

Nessa época, eu ia e voltava de bicicleta para a escola. Depois, já na fase mais adulta, eu fui para Brasília, em 94, trabalhar com o Presidente Fernando Henrique e fiquei 8 anos por lá. Em Brasília eu morei, casei e tive dois filhos. Até achei que eu fosse passar o resto da minha vida em Brasília.

Voltei quando o Presidente Fernando Henrique saiu e o PT entrou no governo. Me dei conta que aquele não era o ambiente que eu queria ficar, então acabei voltando para São Paulo, em 2003. Foi ai que comecei a procurar um bairro para voltar a morar na cidade.

Procurava um local que estivesse no eixo entre as Subprefeituras de Pinheiros e Vila Mariana. A minha mulher, que passou a vida inteira na Vila Madalena, Vila Beatriz, queria ir para a região da Nazaré Paulista, da Pedroso de Moraes. Então vimos dois apartamentos um aqui no bairro, que não era grande, mas era bom (onde estou até hoje), e logo fiquei encantado… terreno maravilhoso, todo arborizado, muito verde, e estava localizado nessa delícia de bairro. Um local plano, a quatro quadras do Parque Ibirapuera.

O outro apartamento era perto da Nazaré Paulista, que também é super bacana está perto do parque Vila Lobos, da Praça Panamericana, porém um bairro mais de morro, não é plano como este. Um local mais plano permite ao morador caminhar muito mais, se deslocar a pé.

Floriano Pesaro
Floriano Pesaro. Foto: Alê Silva / Ai Press.

Vila Nova Conceição SP: Então, a decisão foi ficar aqui?

Floriano Pesaro: Sim. Este é um bairro muito confortável, um bairro de padrão europeu, um bairro desenhado. Morei uns 3 anos num apartamento alugado, depois surgiu a oportunidade de comprar um apartamento no mesmo prédio e, em 2006, comprei meu apartamento aqui no bairro e passei a fazer parte deste local. Faz 12 anos que estou aqui.

Vila Nova Conceição SP: De lá para cá, como foi sua participação na vida do bairro?

Floriano Pesaro: Durante esse período eu fui me apropriando do bairro, acho que o bairro também me acolheu muito bem. Eu fiquei amigo das principais lideranças do bairro Abrahão Badra, Membro do Conselho Deliberativo da Associação do Bairro, Aurel Arshag Djanian, Membro da Diretoria da Associação de bairro, enfim de toda a comunidade armênia que mora no bairro, curiosamente é um bairro de muitos árabes. Me aproximei da Escola Martim Francisco e da Diretora Tereza, inclusive tivemos a oportunidade de estarmos juntos na África do Sul. Nos encontramos no Kruger Parque. Eu viajando com minha família e ela com a família dela.

Vila Nova Conceição SP: Quando voltou para São Paulo começou a trabalhar onde?

Floriano Pesaro: Eu voltei para São Paulo e fui trabalhar no Palácio dos Bandeirantes, como Secretário Adjunto da Casa Civil.

Vila Nova Conceição SP: Com relação a sua trajetória política, quais foram suas atuações? Elas se estenderam aqui para o bairro?

Floriano Pesaro: Eu atuei muito como Secretário de Assistência Social do Município. Chegamos a fazer uma ação muito forte no bairro em relação a população de rua, tirando aqui do bairro 16 moradores de rua, e também ao entorno, incluindo o Seu Manoel da Praça. Nós levamos todos para tratamento. Seu Manoel ficou 27 dias no Mandaqui, cortou a barba, foi medicado, tomou banho, era  outra pessoa. Encontramos o irmão do Seu Manoel, que morava em Goiás, fizemos o contato deles, o irmão se dispôs a receber o Seu Manoel para que ele pudesse sair definitivamente da rua.

Mas infelizmente uma matéria muito sensacionalista, apelativa de um jornal aqui de São Paulo, fez com que um promotor de justiça se mobilizasse, dizendo que nós estávamos tendo uma ação higienista e nos obrigou a tirar o Seu Manoel do tratamento, sob pretexto de que ele não estaria agindo em liberdade, o que era absolutamente falso, incorreto.

Nós estávamos tratando de acordo com todos os protocolos, tudo como manda a saúde, o serviço de assistência. Mas infelizmente nós tivemos que liberar o Seu Manoel sem o devido acompanhamento e ele voltou para as ruas.

Floriano Pesaro
Floriano Pesaro. Foto: Alê Silva / Ai Press.

Vila Nova Conceição SP: O Seu Manoel tem um Habeas Corpus, não tem?

Floriano Pesaro: Sim. Seu Manoel tem um Habeas Corpus, o que é uma imbecilidade. Porque não tem nada mais imbecil do que dar um Habeas Corpus para alguém que não está sendo ameaçado. Ele nunca foi ameaçado. Ele foi levado para tratamento de forma consentida. Mesmo assim houve mobilização de alguns, que eu chamo de incautos, aqui do bairro, que acharam que era legal ter o chamado “Mendigo da Praça” para distribuir comida para ele.

Quando na bem da verdade, as pessoas não percebem o nível de sofrimento dessa população em situação de rua. Seu Manoel toma café com querosene, tem mordidas de rato por todo o corpo. Ele tem uma degradação física e intelectual gravíssima e isso nem o Ministério Público e, nem as pessoas que o ajudam estão preocupadas, por que se estivessem, o levariam para tratamento.

Enfim, essa é nossa sociedade. Ainda muito contraditória, ainda não conseguiu criar consensos. As pessoas ainda acham “bonito” ter moradores de rua, relacionam essa condição com o direito de ir e vir, quando na verdade isso é uma grande bobagem.

Vila Nova Conceição SP: Floriano, você que atuou na Secretaria de Assistência Social, poderia traçar o perfil do morador de rua?

Floriano Pesaro: Em geral, o morador de rua é uma pessoa doente, uma pessoa que sofre transtornos mentais. São pessoas que vivem em depressão, são pessoas que estão em risco de vida.

Floriano Pesaro
Registro de um dos moradores de rua que vivem nas ruas do bairro. Foto: Alê Silva / Ai Press.

Vila Nova Conceição SP: Além do Seu Manoel existem outros moradores de rua que vivem no bairro, inclusive houve um aumento dessa população por aqui. Qual a sua visão sobre isso?

Floriano Pesaro: A população de rua está aumentando porque há um viés ideológico na atual administração, que é um viés muito petista, relacionado à ideia de que é quase “glamour” ter pessoas na rua. Isso faz parte da sociedade… essa sociedade burguesa… essa sociedade injusta… Então, é um certo “glamour”.

Na minha gestão, quando o Serra era Prefeito, nós chegamos a tirar mil moradores das ruas por ano. E nós conseguimos diminuir o número de moradores de rua. Nós abrimos albergues, hotéis sociais, fizemos um trabalho de acompanhamento e acolhimento. Depois isso tudo voltou. Hoje, a Prefeitura não tem nenhuma ação direcionada à população de rua. O que é muito ruim.

Vila Nova Conceição SP: O que nós moradores do bairro podemos fazer para ajudar?

Floriano Pesaro: Então, tem duas coisas que a população pode fazer para ajudar. Primeiro é não dar nada na rua. Quem dá coisas na rua está alimentando a permanência dessas pessoas. Eu não participo e acho ruim organizar pessoas para distribuir coisas nas ruas, inclusive os grupos de sopão. Eu acho que quem quer distribuir sopão na rua deveria convidar esses moradores de rua para irem para algum lugar interno, algum bar, restaurante, para distribuir internamente a alimentação.

E tem outra coisa, esses grupos não distribuem sopão todos os dias, e as pessoas precisam se alimentar todos os dias. Mas eu até entendo que seja um caráter solidário, porém tem que fazer de forma organizada.

Essa é a grande diferença entre o voluntarista e o voluntário. O voluntarista é aquele que acorda de manhã e fala que vai ajudar algum pobre. Ele não sabe como fazer, faz de qualquer jeito. O voluntário é aquele que trabalha de forma organizada, numa organização social, apoiando algum grupo social e, esse sim, vai ver muito mais resultado na sua ação.

E em segundo lugar, eu acho que no caso da Vila Nova Conceição nós deveríamos ter ações incríveis em relação a essa população de rua. Primeiro tentando organizar um apoio, uma parceria com alguma entidade social que trabalha com população de rua. Essa entidade especializada viria até aqui, com nosso apoio, e fariam uma abordagem de assistência social, para fazer o acolhimento, para levar essas pessoas para tomar banho, para trocar de roupa, para iniciar tratamento de saúde mental ou até mesmo de dependência química.

Floriano Pesaro
Floriano Pesaro. Foto: Alê Silva / Ai Press.

Vila Nova Conceição SP: Você se apaixonou pelo bairro, veio morar aqui há 12 anos, então conhece bem a região. E hoje é também Vice-presidente da Associação dos Moradores da Vila Nova Conceição. Quais são as melhorias que foram feitas ao longo desse tempo?

Floriano Pesaro: Eu acabei me apaixonando pelo bairro, ajudei no ponto de vista social, depois de 4 anos como Secretário me elegi Vereador, fiquei 6 anos como Vereador em São Paulo, um mandato e meio. Durante esse mandato me filiei a Associação dos Moradores do Bairro, comecei a militar, fizemos calçadas, reformamos ruas, asfaltamos, reformamos praças.

Eu acho que uma das minhas grandes obras foi a reforma da Praça Cidade de Milão. Nós tiramos todo o gradil, fizemos toda a calçada. Na época, houve um embate com alguns moradores do bairro que não queriam que o gradil fosse tirado. Eles alegavam que se tirasse o gradil iam aprontar bagunças, ia ter sexo por lá, ia ter venda de drogas, então era melhor que a Praça ficasse cercada.

Eu fui muito firme em tirar o gradil, porque o objetivo era devolver a Praça para a população. Quanto mais a população usar, mais segura ela será, quanto mais gente na rua, mais segura é a rua. E fizemos a abertura e o paisagismo da Praça, tiramos todo o matagal que havia, fizemos replantio.

Estamos aos poucos tirando os Eucaliptos que não são as árvores nativas e estamos plantando vegetação nativa. Todo o entorno da Praça hoje tem árvores na calçada. Não tinha. Essas árvores são espécies da mata atlântica, árvores nativas da região.

Outra coisa que fizemos foi o rebaixamento da iluminação. Restauramos todo o monumento e só não colocamos bombas para as águas porque a Prefeitura alegou que havia muito roubo de bombas. Então, não pudemos ligar a fonte, mas ela existe, foi restaurada. Eu acho que o bairro poderia se mobilizar para voltar a ter a fonte lá. Outra ação importante foi a revitalização de parte da Rua Afonso Brás, parte da calçada.

Vila Nova Conceição SP: E a questão da política das rotatórias, como está?

Floriano Pesaro
Rotatória Verde, localizada no cruzamento das Ruas Domingos Fernades e Jacques Félix. Foto: Ai Press.

Floriano Pesaro: Nós contratamos um fornecedor para fazer toda a parte de Rotatórias Verdes e Traffic Calming (técnica ou conjunto de técnicas para reduzir os efeitos negativos do trânsito ao mesmo tempo em que cria um ambiente seguro, calmo, agradável e atraente). Fizemos o alargamento da calçada nos cruzamentos, a faixa de pedestre no nível da calçada e as Rotatórias Verdes que substituem semáforos, melhoram a fluidez ao mesmo tempo que dão mais segurança, porque os carros têm que andar com menos velocidade.

Vila Nova Conceição SP: No cruzamento das Ruas Domingos Fernandes com Jacques Félix tem uma Rotatória Verde. Ela tem sido eficiente?

Floriano Pesaro
Trecho de bastante movimento, principalmente nos horários de pico. Outro período complicado é por volta de meio dia, quando acontece o término e o início de período escolar.

Floriano Pesaro: Sim. Nós tínhamos nesse cruzamento entorno de 9 acidentes por mês, dos mais variados níveis, em geral batidas com menos gravidades, mas batidas. Era um cruzamento em que as pessoas vinham com uma certa velocidade. Quando a CET, Companhia de Engenharia de Tráfego, abriu o farol da Rua Comendador Miguel Calfat, atravessando a Santo Amaro, a Domingos Fernandes se tornou um segundo fluxo de carros para quem queria escapar da Santo Amaro. O que é muito ruim. E esse número de acidentes começou a aumentar.

Então eu propus à CET que fizesse essa primeira Rotatória Verde do bairro, já com planejamento, em loco, para outras 8 ou 9 rotatórias. É curioso porque durante o primeiro ano ainda aconteceram alguns acidentes contra a rotatória. Carros que vinham em velocidade e batiam nela. Eu lamento o acidente, mas entendo que é uma forma de aprendizado também. Esses motoristas não poderiam andar na velocidade que andavam e precisariam prestar mais atenção porque nem viram a rotatória.

Floriano Pesaro
Durante o tempo que ficamos no local para registrar as imagens, percebemos o intenso fluxo de carros vindos da Santo Amaro em direção ao centro do bairro. Foto: Ai Press.

Os acidentes, depois da rotatória caíram de 9 para 2 por mês. Tivemos mês que não houve acidente. Recentemente registramos um acidente e foi constatado que o sujeito estava bêbado, então, se não tivesse a rotatória ele poderia ter atingido uma pessoa na calçada.

A rotatória também é um equipamento de segurança, especialmente para o pedestre. A nossa ideia é fazer mais Rotatórias Verdes por todo o bairro, dar esse caráter de Traffic Calming para o bairro. Aqui o trânsito cresceu muito, acabou sendo um bairro de passagem, de transposição. Transpõem Pinheiros à Vila Mariana. Transpõem Santo Amaro à Pinheiros. A ideia é dificultar essa transposição para dar esse caráter cada vez mais reservado para o nosso bairro.

Vila Nova Conceição SP: Qual a preocupação atual com o bairro?

Floriano Pesaro: A nossa preocupação atual, eu já não sou mais vereador, mas tenho uma grande influencia na Câmara de SP, inclusive com a minha bancada, que é a bancada do PSDB, então a ideia é trabalhar lá para continuar protegendo o bairro, agora na reforma da Lei de Uso e Preservação do Solo.

Vila Nova Conceição SP: Aproveitando o gancho para falar de solo. Quem passa pelo cruzamento das Ruas Domingos Fernandes e Jacques Félix percebe que essa área está constantemente empoçada. E nós já fizemos o trajeto dessa água e percebemos que ela começa a escorrer na Rua Jacques Félix, em frente ao número 278, pega toda essa quadra, até chegar na Rua Domingos Fernandes. O fluxo maior é em frente ao número 314. A Domingos Fernandes, também apresenta escorrimento de água. Existe alguma avaliação dessa área. Do que poderia estar acontecendo ali?

Floriano Pesaro
Rua Jacques Félix vista do cruzamento com a Domingos Fernandes.

Floriano Pesaro: A E água vem de um prédio. Essa água não está relacionada com a água da Sabesp. Essa é água de poço artesiano. Tem um prédio ali que no momento da construção perfurou uma mina e essa água vai escoando até empoçar nesse cruzamento.

O que poderia ser feito é o seguinte: o próprio prédio aproveitar parte dessa água e a Sabesp de alguma forma deveria captar essa água. Mas não existe essa ação hoje. O que faz com que esse cruzamento, por ter um trecho com paralelepípedos e por ser mais baixo, deixe a água empoçada. O que também não está relacionado com a Rotatória Verde.

A única coisa é que acaba prejudicando o solo. Por isso que acho que o prédio deveria captar e utilizar essa água, fazer uma cisterna, guardar parte daquela água. Com relação a rua de paralelepípedo a Prefeitura tentou várias vezes asfaltar e eu na verdade sempre avaliei que era melhor deixar o paralelepípedo porque ele ajuda a absorver parte da água, inclusive água de chuva, o que acaba sendo uma espécie de piscina natura.

Vila Nova Conceição SP: O que você acha que ainda precisa melhorar aqui no bairro?

Floriano Pesaro: Primeiro a defesa do bairro. Temos que defender o bairro a todo custo. Não permitir que se construa em lugares em que não pode. Temos que preservar a área residencial, não abrir mão nem um milímetro. Há uma briga enorme de parte das casas ao entorno do Ibirapuera do lado de cá. Obviamente são os proprietários que querem a verticalização para poderem vender as casa a um preço maior. Eu sou contra porque a construção de prédios no entorno do Parque do Ibirapuera e da Praça de Milão, além de trazer sombra para a Praça, cria um fluxo a mais que é totalmente inconveniente, nesse momento.

Eu acho que a Vila Nova Conceição, neste momento, deveria tentar ficar o máximo possível congelada, do ponto de vista de novos empreendimentos no centro do bairro. Temos a Santo Amaro inteira para construir. Temos o prédio do Nahas que está terminando. Nós tivemos um prédio da Cyrela e dois da Even de escritórios.

Acho que tem muito ainda para restaurar na Santo Amaro e construir por lá. Do lado do Hospital São Luiz, você tem um monte de lojinhas, daria para fazer um belíssimo prédio moderno de escritórios com um grande boulevard em baixo com lojas, com cinema, como a Racional Engenharia está construindo na Faria Lima com a Leopoldo Couto de Magalhães. Lá será um super equipamento público-privado que vai ter um teatro, vai ser uma espécie de Rockefeller Center. Na Santo Amaro dá para fazer isso também. Então, o que eu digo é congelar o miolo do bairro, não permitir que essas casas possam se transformar em prédios.

Vila Nova Conceição SP: E com relação a zona mista no bairro. Como anda essa situação?

Floriano Pesaro: A Prefeitura quer transformar a Rua João Lourenço em via estrutural para colocar ônibus. Isso destruiria o bairro. Veja, o segundo ganho que tivemos, depois da Praça de Milão, foi tirar o ônibus da Rua Baltazar da Veiga. Depois de 30 anos, eu consegui com a Prefeitura, liderando um luta enorme no bairro, reverter o traçado do ônibus que entrava na Baltazar da Veiga, jogando de novo o trajeto do ônibus para a Rua Afonso Brás. E fizemos a Afonso Brás se tornar duas mãos do começo ao fim.

O que melhorou muito o fluxo interno no bairro. Todos ganharam. Com isso se abre um canal de fluxo correto que é a Rua Afonso Brás. Eu fico muito feliz quando tomamos medidas que melhoram a vida das pessoas do bairro. Então, um fluxo de ônibus aqui na Rua João Lourenço seria um desastre! Além do aumento de fluxo.

Vila Nova Conceição SP: E com relação ao comércio?

Floriano Pesaro: Temos que proteger o bairro no ponto de vista do comércio. Não permitir que o comércio vá penetrando. O bairro teve uma luta vitoriosa, que foi tirar a Daslu de dentro do bairro. E a ideia de que aquele espaço não poderia ser um espaço comercial e sim um outro empreendimento imobiliário residencial. A Daslu saiu, mas nós não conseguimos reverter a situação comercial e outras lojas se instalaram lá. É bonito ter loja dentro do bairro. É bom ter cabeleireiro. Mas isso não pode se transformar em algo que seja o padrão do bairro.

Porque um bairro misto dessa forma traz inconvenientes, como o exemplo de Moema. Moema que era para ser um bairro modelo, foi desenhado para ser um bairro modelo e padrão de bairro em São Paulo, se transformou num local complicadíssimo, cheio de conflitos urbanos entre moradores e comerciantes, tudo pela quantidade de restaurantes, chaminés, cheiro de comida, valets, carros parados em todo lugar, som a noite, casas noturnas.

Moema e Vila Madalena estão hoje entre os 10 bairros de maior conflito social da cidade. Conflito social entre moradores e comerciantes. Nós não queremos que a Vila Nova Conceição vire um bairro com esse grau de conflito. E para isso nós temos que evitar, destinando locais adequados. Não é não tendo o comércio, mas sim, tendo nos locais adequados.

Floriano Pesaro
Movimentação na Rua Afonso Brás, uma das regiões de comércio do bairro.

Vila Nova Conceição SP: E quais são os locais adequados?

Floriano Pesaro: A Rua Afonso Brás, a Avenida República do Líbano e a Avenida Santo Amaro. Então, nós já temos 3 grandes vias que circundam o bairro, que são vias de comércio misto. Estamos bem servidos. Nós não precisamos ter um comércio dentro do bairro. Isso só prejudica.

Vila Nova Conceição SP: Agora vamos falar um pouquinho do Floriano Pesaro político. Quanto tempo você está na política?

Floriano Pesaro: Eu trabalhava com meu pai. Comecei a trabalhar com 18 anos. Estudava e trabalhava. Sou formado em Ciências Sociais e Sociologia pela USP, depois fiz duas pós-graduações, uma na UNB e outra na FIA. Depois de trabalhar 5 anos na iniciativa privada resolvi ir para o Setor Público, onde estou há 21 anos. Trabalhei 8 anos na esfera Federal, 4 anos na Prefeitura, e também no Estado. Fiz 6 anos de mandato eletivo, agora me elegi Deputado Federal, estou nesse meu primeiro mandato como Deputado Federal, mas também estou licenciado como Secretário de Desenvolvimento Social do estado de SP.

Vila Nova Conceição SP: Como é essa vida de morar aqui na Via Nova, mas ter que viajar muito?

Floriano Pesaro: Então, eu moro aqui, mas já estou com a mala no carro, mais tarde já vou para Votuporanga. Minha vida é essa, viajar, viajar, viajar. Mas a volta do Aeroporto de Congonhas é muito boa. É muito bom morar aqui porque também é muito perto do aeroporto facilita muito a minha vida. Nesta semana eu estava em Brasília, fui cedo e voltei a tarde, 19h30 já estava em casa. Essa é outra vantagem do bairro.

Vila Nova Conceição SP: Como conciliar essa vida maluca de muitas viagens com a família?

Floriano Pesaro
Floriano Pesaro. Foto: Alê Silva / Ai Press.

Floriano Pesaro: Bom, em relação ao trabalho, eu trabalho em média, 12 horas por dia. Faço dois turnos. Tenho o turno da manhã, que começa em geral 8h30 e vou até 21h30. Tento fazer ginástica antes. Ou pedalar, andar ou ir ao clube.

Sou sócio do Clube Paulistano e também do Clube Hebraica. Disposição para o esporte e para a vida social eu tenho bastante. Faço ginástica, duas vezes por semana, no Paulistano que é mais perto para mim. E procuro fazer caminhada e pedalada 3 vezes por semana no bairro.

Eu faço o turno da manhã e da tarde e sempre tem um evento a noite. O que me deixa mais injuriado, cansado é quando tem dois eventos a noite.

Vila Nova Conceição SP: E a família?

Floriano Pesaro: A vida com a família é intensa quando estou presente. Procuro dar intensidade na minha presença. Eu procuro ficar com a família nos momentos que eu posso. Finais de semana. Mas eu acabo trabalhando aos finais de semana também, porque vida de político não tem um horário. Às vezes, aos sábados e domingos tenho eventos, festas, visitas, inaugurações, sempre tem uma coisinha ou outra. Mas quando estou presente em casa eu fico com eles. Eu substituo a falta de tempo pela intensidade de estar em família.

Vila Nova Conceição SP: Quantos anos têm os filhos?

Floriano Pesaro: Tenho dois filhos. O meu mais velho chama Rodrigo, tem 19 anos. O meu mais novo é o Fernando, tem 15 anos. Os dois viveram a vida inteira aqui no bairro, apesar de terem nascido em Brasília. Eles são muito conscientes do bairro. Gostam daqui.

Vila Nova Conceição SP: Quanto tempo de casado?

Floriano Pesaro: Eu e Maria Eugênia estamos casados há 20 anos.

Vila Nova Conceição SP: O que você costuma fazer quando está no bairro?

Floriano Pesaro: Uso muito o Parque do Ibirapuera. Foi um chamariz para eu morar aqui.

Vila Nova Conceição SP: Costuma fazer caminhadas?

Floriano Pesaro: Eu ando muito de bicicleta. Atualmente parei de usar a bicicleta como meio de transporte, até porque fui obrigado a usar terno e gravata, etc… Mas a bicicleta é o meio de transporte ainda nos finais de semana. Outro dia tive que ir na Faria Lima comprar um colchão naquela loja King Star, fui de bicicleta.

Eu espero que com a ampliação dessas ciclovias possamos ter a conclusão de um projeto que eu apresentei para o governo na Câmara Municipal, que é a ligação entre o Parque do Ibirapuera e o Parque Vila Lobos. Através de uma ciclovia segura, no canteiro central da Hélio Pellegrino, Faria Lima e da Continuação da Pedroso de Moraes.

Nós colocamos lá quase R$ 2 milhões para fazer uma emenda que foi executada, que é ciclovia da Faria Lima, uma emenda parlamentar minha. Foi feita a extensão até o Vila Lobos, mas a Prefeitura nunca concluiu a parte da Cidade Jardim-Faria Lima, Hélio Pellegrino-Ibirapuera, a agora eu acho que nós vamos conseguir concluir. Essa é uma luta pessoal para poder sair de bicicleta aqui do bairro e ir até Pinheiros, Shopping Iguatemi…

Floriano Pesaro
Floriano Pesaro. Ilana Alves. Foto: Alê Silva / Ai Press.

Vila Nova Conceição SP: Nosso bairro tem uma rota segura de bicicletas.

Floriano Pesaro: Sim. Isso é um projeto nosso. Aqui temos rotas seguras de ciclismo para transpor o bairro. A gente não trabalhou a questão das faixas de ciclismo por aqui porque nós estamos estudando quais são as ligações possíveis. Não adianta ter uma ciclofaixa no bairro que não ligue nada. É preciso ligar uma ciclofaixa no bairro a futura ciclofaixa segregada a Hélio Pellegrino. Porque ai, qualquer morador sai daqui para ir para a escola, faculdade de bicicleta. Os que vão trabalhar na Vila Olímpia também poderão fazer o trajeto.

Vila Nova Conceição SP: Quando falamos em rota segura de bicicleta como podemos definir isso? Porque por exemplo, esta Rua Lourenço de Almeida é bem movimentada.

Floriano Pesaro: As rotas seguras foram escolhidas, por serem ruas em que o ciclista pode pedalar com maior tranquilidade, este pedacinho, cruzamento entre as Ruas Lourenço de Almeida e João Lourenço é um pouco mais movimentado, mas passando esse trecho fica mais calmo. Em geral você vê que nas ruas de SP, as rotas seguras de bicicletas são escolhidas estrategicamente, olhando quais as ruas que levam de um bairro a outro sem ter grande movimento de veículos.

Vila Nova Conceição SP: Aproveitando o gancho das bicicletas, eu vou entrar em um outro assunto polêmico, que é a questão do ciclista. A gente vê muito ciclista, claro, existem as exceções, vários são conscientes, mas é possível observar em vários momentos o ciclista transgredindo as regras de trânsito e passando no farol vermelho na faixa de pedestre. Como encarar isso?

Floriano Pesaro: Isso é um erro. Eu acho que a educação do ciclista é a mesma educação que tem que ter um motorista. O ciclista não é diferente do motorista. Que não é diferente do pedestre. Somos todos pedestres. Então, eu acho que o ciclista que abusa das leis de trânsito, comete infração! E deveria ser multado. Deveria existir uma forma de multar através do RG ou CPF.

Outros erros: o ciclista que para em cima da faixa, o ciclista que anda em cima da calçada, o ciclista que passa o farol vermelho. O ciclista tem que respeitar as mesmas regras do Código Brasileiro de Trânsito.

Vila Nova Conceição SP: Floriano, agora conta um pouquinho da sua infância, até porque você andava muito de bicicleta pelo bairro, né?

Floriano Pesaro: Sim. A gente morava ali perto da Via Mariana, vinha descendo a Rua Dante Pazzanese que terminava ali, no Instituto Biológico. Eu andava de bicicleta ali, também pelo prédio do Detran, na passarela, no Parque. Meu pai me levava para fazer de bicicleta o percurso que ele fazia quando era pequeno. E a gente andava por aqui.

Na região só tinham casas e eram casas que misturavam uma classe média e uma classe média mais baixa. Tinham casas geminadas, casas pequenininhas, de operários. E aqui atrás em direção à Hélio Pellegrino tinha um córrego e um monte de galpão. Galpão industrial de fabril. Oficinas. A Vila Nova é um bairro que nasceu de novo.

Floriano Pesaro
Floriano Pesaro. Paulo Roberto Uehara. Fátima Brito. Foto: Alê Silva / Ai Press.

Vila Nova Conceição SP: Como você vê esse renascimento?

Floriano Pesaro: O bairro está em uma transformação enorme. A grande vantagem é que de alguma forma, ao longo dos anos, o bairro soube preservar o seu verde. A Vila Nova Conceição se tornou um bairro verde, com padrão americano, de perpendiculares e paralelas, o que ajuda o bairro.

Outra coisa bacana é que o bairro é um local onde todo mundo se conhece. Temos uma Praça de convivência no centro do bairro que é muito importante, temos uma rua de comércio, a Afonso Brás, que dá todo o conforto para você ter um comércio de bairro com muita qualidade.

A Santo Amaro é um corredor importante no ponto de vista comercial. Inclusive a Santo Amaro tem um operação urbana que está em andamento. É que a Prefeitura é um pouco lenta, mas tem uma operação urbana prevista para a Santo Amaro que vai revitalizar toda a Avenida, inclusive em alguns lugares alargando a via. Eu acho que é uma pena a Santo Amaro ser considerada como um rio poluído, quando na verdade ela é uma Avenida importante para o bairro.

Vila Nova Conceição SP: Quais locais você frequenta aqui no bairro?

Floriano Pesaro: Eu acho que o bacana no bairro é você ter equipamentos comerciais interessantes, como o Marie-Madeleine, o Emporium São Paulo, gosto das duas unidades do Pão de Açúcar. Tudo isso facilita a nossa vida.

Mas no dia a dia de casa, a gente compra no Dia e no Extra que são mais baratos.

Gosto de ir também na Casa do Churrasqueiro. Tomo café no Bread & Co., na verdade, este é meu segundo escritório, eu despacho de manhã daqui, do Bread & Co. pelo menos duas vezes por semana. Uso uma mesa aqui como meu escritório.

Finais de semana, não todos, pelo menos uma vez por mês, num café da manhã de domingo, eu me dou ao luxo, porque é muito caro para os meus padrões de servidor público, de ir ao Marie-Madeleine.

Floriano Pesaro
Floriano Pesaro. Foto: Alê Silva / Ai Press.

Meu terceiro escritório, que montei a noite é o Josephine. De lá faço as minhas reuniões, digamos, as últimas do dia, quando eu posso me dar ao luxo também de tomar uma taça de vinho sem ter que dirigir depois, porque vou a pé para casa. Eu marco no Josephine, primeiro porque eu sou fã do Jesse de Andrade e do Josephine, segundo porque eu posso voltar a pé para casa e portanto, posso tomar meu vinho sem nenhuma preocupação.

Gosto das farmácias do bairro, tanto a Drogasil como a Drogaria São Paulo. O café da Praça. Eu almoço, aos finais de semana no Pracinha, adoro! Adoro! Adoro! Como a Salada do Porto que é com Salmão e Queijo de Cabra. Adoro! E tomo café no Carline, que não chega a ser um escritório, mas é um ponto de encontro importante para mim. Meus dois escritórios são o Bread & Co. e o Josephine.

Compro muito material de escritório na Peixinho Dourado. Levo meu relógio para consertar na Relojoaria Joá, que é maravilhosa.

Floriano Pesaro

Natural de São Paulo, Floriano é sociólogo formado pela USP, fez especialização em Processo Legislativo e Relações Executivo/Legislativo na Universidade de Brasília (UNB). Fez curso de extensão na Escola de Governo de São Paulo e pós-graduação em 2011 na FIA/USP e sobre Meio Ambiente na FUNDACE. Participou do curso Executive Leadership Program in Early Childhood Development na universidade de Harvard, Massachusetts (EUA).

Foi eleito vereador em 2008 e, em 2012, foi reeleito. Foi considerado, pela ONG Voto Consciente, o melhor parlamentar do Legislativo paulistano. Em 2014 foi eleito deputado federal.

Saiba mais sobre Floriano Pesaro

Deixe um comentário

Pular para o conteúdo