abril 13, 2024 4:53 PM

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Mastectomia. Aos 37 anos, a atriz Angelina Jolie anunciou que havia sido submetida a cirurgia das mamas para evitar o câncer de mamas. Mas, afinal, o que ela fez? Esse procedimento evita o câncer de mama? As mamas ficam iguais depois do procedimento?

A mastectomia profilática, como é chamada essa cirurgia, é a remoção cirúrgica das mamas, mesmo antes de ser encontrado o câncer. Ela pode diminuir o risco de câncer de mamas em até 90% e está indicada em mulheres que tem alto risco.

A paciente é submetida a uma cirurgia em que o tecido mamário é retirado, mantendo-se a pele das mamas, as areolas e os mamilos. Existem vários tipos de incisões (cortes), podendo resultar em cicatrizes ao redor da areola ou semelhante a cicatrizes de cirurgia de redução estética das mamas. No mesmo tempo cirúrgico é realizada a reconstrução das mamas com a colocação de próteses de silicone, que pode ser associado ou não a enxerto de gordura.

O alto risco de ter câncer de mama ocorre nos casos de mulheres portadoras da mutação dos genes BRCA1 e BRCA2. Além dissso, mulheres com histórico familiar de câncer de mama ou de ovário, principalmente em parentes de primeiro grau; câncer de mama em uma das mamas em pacientes com menos de 30 anos.

A mutação do gene BRCA corresponde a uma faixa de 5 a 10% de todos os casos de câncer de mama registrados, ou seja, em cada 100 casos de câncer de mama, de 5 a 10 pessoas tem a mutação do BRCA. Quando essa mutação genética é detectada o risco de ter câncer de mama varia entre 60 a 90% e pode-se considerar três alternativas: vigilância intensa por meio de mamografia, ressonância magnética e ultrassonografia; uso de medicamento de quimioterapia preventiva e a medida mais extrema, que é a cirurgia para retirada das mamas.

Lembrando que a cirurgia reduz muito o risco de desenvolver câncer de mama, em torno de 90%, mas não elimina completamente os riscos da doença se desenvolver.

No Brasil preconiza-se a realização de mamografia anualmente a partir dos quarenta anos de idade para todas as mulheres e para as mulheres com risco mais alto o controle deve ser feito mais precocemente e por especialistas, no caso, o mastologista.

A realização da mastectomia preventiva, ou profilática ainda causa muita polêmica no meio médico, mas em alguns pontos há um consenso; principalmente com relação ao fato que essa cirurgia reduz a incidência do câncer de mama em mulheres com mutação no gene BRCA.

O exame para detecção desse gene é realizado no sangue e tem um custo alto, por volta de sete mil reais. A equipe médica pode avaliar a necessidade da pesquisa do gene BRCA, que quase não é realizada em nosso meio devido ao alto custo. Quando esse exame não é realizado, são avaliados todos os outros fatores de risco e a cirurgia pode ser realizada caso o risco seja alto.

A decisão da paciente fazer ou não a cirurgia deve ser tomada em conjunto com a equipe médica e levando em conta o risco de se desenvolver a doença. A cirurgia só deve ser feita após uma análise profunda do caso pelo oncologista, geneticista, mastologista, cirurgião plástico e psicólogo.

Apesar de ser uma cirurgia efetiva, deve-se levar em conta a individualidade da paciente como histórico familiar, condição bio-psicossocial e personalidade, entre outros. Há a possibilidade da mulher sentir-se menos feminina com a retirada da mama, mesmo após sua reconstrução, podendo gerar uma autorrejeição, por receio de abandono por parte de seu parceiro e até diminuição da auto estima.

A mastectomia profilática alivia a mulher por ser uma conduta menos invasiva do que a cirurgia para retirada do câncer e se feita com reconstrução imediata tem um resultado estético superior.

É de fundamental importância pesar os prós e os contras que envolvem esse procedimento antes de realizá-lo, buscando beneficiar única e exclusivamente a paciente, tanto em sua saúde física, como na psicológica.

Dra AlessandraDra. Alessandra Giammarusti Watase Del Claro, CRM SP 87707, é cirurgiã plástica, com graduação em medicina e residência em cirurgia geral e plástica pela Faculdade de Medicina do ABC. Possui título de especialista pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (RQE 25720) e especialização em reconstrução de Mama pelo Hospital Pérola Byngton Centro de Referência da Saúde da Mulher – São Paulo. Atualmente atua na Clínica Ilúmina, localizada em Moema. É professora assistente da Disciplina de Cirurgia Plástica da Faculdade de Medicina do ABC. Escreve mensalmente para o Site Vila Nova Conceição SP.

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